
Vale mais a pena: Consórcio supera Poupança até 2028
Por décadas, a caderneta de poupança reinou absoluta como a queridinha dos brasileiros. Simples, acessível e segura, ela foi o primeiro passo de milhões de pessoas no mundo dos investimentos.
Mas os tempos mudaram. E quem anda prestando atenção nos dados percebe uma virada de jogo surpreendente: o consórcio está ganhando força e pode ultrapassar a poupança até 2028.
Pode parecer surpreendente à primeira vista, mas essa tendência é respaldada por números consistentes.
Um estudo conduzido pela ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios) aponta que, se mantido o ritmo atual de crescimento, os ativos administrados pelo Sistema de Consórcios devem superar o saldo da poupança até dezembro de 2028.
A pergunta que paira no ar agora é: por quê?
Vamos conferir esse movimento em detalhes, e te mostrar por que o consórcio pode ser a escolha mais estratégica para o seu dinheiro nos próximos anos.
Poupança: um clássico em declínio
A poupança é um patrimônio cultural no Brasil. Criada há mais de 160 anos, por decisão do imperador Dom Pedro II, ela nasceu com um propósito nobre: oferecer um caminho seguro para a população mais humilde guardar dinheiro. E por muito tempo, cumpriu esse papel com maestria.
Contudo, o cenário econômico mudou e, com ele, a rentabilidade da poupança. Especialmente nos últimos cinco anos, ela tem ficado aquém da inflação em diversos momentos, corroendo silenciosamente o poder de compra dos poupadores.
De acordo com o estudo da ABAC, entre 2015 e 2024, o saldo da poupança cresceu apenas 5,2%, já ajustado pela inflação (IPCA).
O problema é que isso não representa ganho real, muitas vezes, é só manutenção ou até perda de valor.
O avanço surpreendente do consórcio
Na contramão, o Sistema de Consórcios tem mostrado um dinamismo impressionante. No mesmo período (2015 a 2024), o volume de ativos administrados cresceu 17,1%, mais do que o triplo do avanço da poupança.
E essa aceleração ganhou ainda mais força a partir de 2020. Enquanto a poupança sofreu retração de 6% em termos reais, os consórcios avançaram incríveis 22,5%.
Segundo Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, esse crescimento reflete uma mudança de comportamento do consumidor. “Hoje, são mais de 11 milhões de participantes ativos no Sistema de Consórcios, e esse número cresce mês após mês”, destaca.
Mas afinal, o que é um consórcio?
Antes de seguirmos, vale uma pausa para esclarecer: o consórcio não é financiamento, nem investimento tradicional. É uma forma de poupança programada e coletiva, com objetivo definido: aquisição de bens (como carros, imóveis, motos) ou contratação de serviços.
Funciona assim:
-
Um grupo de pessoas se reúne para contribuir mensalmente com uma quantia.
-
A cada mês, um ou mais participantes são contemplados (via sorteio ou lance) e recebem a carta de crédito para realizar sua compra.
-
Quem não é contemplado segue contribuindo até o fim do grupo, e também recebe sua carta de crédito ao final.
O diferencial? Disciplina e planejamento. O consórcio força o participante a guardar dinheiro com um propósito, o que gera resultados sólidos ao longo do tempo.
O consórcio como ferramenta de educação financeira
Um dos grandes trunfos do consórcio está no seu alinhamento com princípios de educação financeira: poupar com disciplina, fugir de dívidas com juros altos e realizar conquistas de forma consciente.
Luiz Antonio Barbagallo, assessor econômico da ABAC, reforça esse ponto: “O consórcio é um tipo de poupança programada com objetivos definidos, tanto para consumo quanto para investimento”.
E completa: “Os recursos movimentados pelos grupos de consórcio têm impacto direto na economia real”.
Comparativo: Consórcio e Poupança em números
Vamos aos dados que embasam essa possível superação da poupança até 2028:
Período |
Crescimento Poupança |
Crescimento Consórcio |
2015-2019 |
+2,1% |
+5,3% |
2020-2024 |
-6,0% |
+22,5% |
2015-2024 (total) |
+5,2% |
+17,1% |
Esses percentuais são ajustados pela inflação, ou seja, mostram crescimento real, de poder de compra.
Se mantido esse ritmo, e nada indica que será diferente, o consórcio superará o saldo da poupança em 2028. Um marco histórico que muda a forma como pensamos sobre guardar dinheiro.
Por que o consórcio está atraindo mais brasileiros?
1. Rentabilidade indireta maior
Ao contrário da poupança, que oferece rendimento limitado (especialmente quando a Selic está baixa), o consórcio entrega ganho real no valor da carta de crédito.
É como se você estivesse investindo em algo tangível: um carro, um imóvel, um bem durável.
2. Foge dos juros altos
O consórcio não cobra juros, como acontece nos financiamentos. Há apenas uma taxa de administração, que é diluída ao longo dos meses, normalmente muito mais baixa que os juros bancários.
3. Força o hábito de poupar
A estrutura do consórcio “obriga” o participante a poupar todo mês. Isso elimina a tentação de gastar e ajuda na construção de patrimônio com disciplina.
4. Flexibilidade de uso
Hoje, é possível usar a carta de crédito para comprar desde imóveis até cirurgias plásticas ou serviços educacionais. Isso amplia o leque de aplicação e atrai diferentes perfis de consumidores.
Quando o consórcio vale mais a pena?
O consórcio é ideal para quem:
-
Não tem pressa na aquisição do bem
-
Prefere planejamento a endividamento
-
Quer fugir de juros
-
Deseja poupar com propósito
-
Pensa em investir de forma segura
Ou seja: para o brasileiro que busca equilíbrio financeiro, o consórcio é mais que um produto, é uma estratégia de vida.
O que esperar até 2028?
Se as projeções se confirmarem, veremos uma mudança profunda na forma como o brasileiro poupa.
O consórcio, que por anos foi subestimado ou visto apenas como alternativa ao financiamento, deve ocupar o espaço da poupança como principal forma de acumulação programada.
Além disso, com mais educação financeira e maior digitalização das administradoras, o acesso ao consórcio tende a ficar ainda mais simples e transparente. A tecnologia será uma aliada na expansão desse modelo.
É hora de repensar o jeito de guardar dinheiro
Se até poucos anos atrás a resposta automática para “onde colocar meu dinheiro?” era “na poupança”, agora temos um novo protagonista.
O consórcio não só está crescendo mais, ele está entregando mais valor, mais disciplina, mais inteligência financeira.
E se os dados não mentem, em breve teremos mais dinheiro girando em consórcios do que na poupança. A escolha é sua. Mas a tendência é clara.
Crédito da imagem: Freepik